Com a IA cada vez mais presente no nosso dia a dia, achamos interessante explorar como desenvolvedores podem usar essas ferramentas para criar ou melhorar plugins WordPress. Este artigo também apresenta um passo a passo completo de como construir um plugin WordPress usando o popular assistente de codificação com IA: Cursor.
Embora a IA seja uma assistente confiável, ela não substitui a expertise humana. Um desenvolvedor experiente ainda precisa revisar o código gerado, identificar bugs, otimizar o desempenho e garantir que tudo esteja seguro e escalável.
Dito isso, estamos claramente vivendo a era da programação por linguagem natural. Você provavelmente não criará um CMS completo com um único prompt — e nem deve esperar um construtor de páginas completo — mas a IA pode acelerar várias etapas do processo. Usuários low-code e desenvolvedores avançados estão descobrindo maneiras mais rápidas e inteligentes de construir com ela.
Visão geral das ferramentas de codificação com IA
Independentemente da ferramenta, web ou desktop, a maioria dos geradores de código com IA tem características em comum:
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Foram treinados com grandes volumes de dados e repositórios de código.
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Oferecem sugestões inteligentes de código e preenchimento automático que economizam tempo.
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São compatíveis com diversas linguagens de programação.
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São sensíveis ao contexto — entendem a estrutura do seu projeto.
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Interpretam prompts em linguagem natural, mesmo com erros de digitação.
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Permitem alternar entre diferentes modelos de linguagem (LLMs).
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Suportam sistemas de plugins ou extensões.
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Incluem ferramentas de depuração e refatoração.
Então, quem são os principais participantes no espaço de codificação de IA atualmente?
- ChatGPT: o nome mais conhecido em IA no momento. O ChatGPT não requer nenhuma configuração e pode gerar código, explicar o que está fazendo e responder a perguntas de acompanhamento – tudo em um só lugar.
- GitHub Copilot: criado pelo GitHub e pela OpenAI, o Copilot se integra diretamente aos seus IDEs favoritos e sugere códigos em tempo real à medida que você digita. É como programar em dupla com um desenvolvedor de IA.
- Grok: semelhante ao ChatGPT e ao Claude, o Grok é a ferramenta da xAI disponível para usuários do X e é conhecido por seu estilo direto.
- Gemini: essa é a família de ferramentas de IA para todos os fins do Google, semelhante ao ChatGPT.
- Windsurf: este é um IDE especializado em antecipar as necessidades de um desenvolvedor.
Algumas palavras sobre o Cursor AI
Para construir nosso plugin, escolhemos o Cursor AI, um dos preferidos entre os desenvolvedores. O Cursor é um fork do VSCode IDE, por isso sua interface é familiar. Como é flexível, você pode importar suas configurações e preferências do VSCode para o Cursor.
Por ser um IDE de código aberto com todos os recursos, há muitas extensões disponíveis e várias maneiras de acessar a documentação do código.
O chat do Cursor AI tem vários modos, cada um otimizado para um tipo diferente de tarefa.

O chat do Cursor possui vários modos, cada um otimizado para um tipo de tarefa. Você pode alternar entre eles com o atalho Cmd+.
ou via atalhos de teclado:
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Ask Mode: ideal para perguntas rápidas, explicações ou planejamento. Exemplo: “Qual linguagem de programação está sendo usada neste projeto?” Acesso:
Cmd+L
(Mac) ouCtrl+L
(Windows/Linux). -
Agent Mode: para mudanças mais amplas no projeto, como criar arquivos ou refatorar funcionalidades inteiras. Exemplo: “Crie um arquivo de documentação baseado no conteúdo de
/plugins/contentwriter
”. Você pode acionar esse modo usandoCmd+I
ouCtrl+I
. -
Manual Mode: para controle total, quando você quer que a IA atue em um arquivo ou trecho específico. Por exemplo, você pode pedir que ela “Refatore
theme.json
usando componentes encontrados em../docs
” Esse modo é ativado automaticamente quando você começa a editar diretamente ou por meio da paleta de comandos.
Workflow: Criando um plugin com IA
Se você tem usado apenas o ChatGPT para escrever seu código, pode estar perdendo o que a assistência de código com IA realmente pode fazer. É verdade que ferramentas de IA mais genéricas conseguem gerar um plugin WordPress funcional, mas certamente não é a forma mais eficiente de testar ou depurar código.
É aí que entram ferramentas como o Cursor AI — elas combinam IA com um IDE completo para guiar você por um fluxo de trabalho mais estruturado e voltado ao desenvolvedor.
Uma boa forma de começar a trabalhar com assistentes de codificação com IA é fazendo prompts sobre algo com o qual você já está familiarizado. Escolha um projeto pequeno e bem delimitado. Não comece com recursos complexos ou o desenvolvimento de plugins em larga escala logo de cara. E, definitivamente, não espere que a IA construa seu plugin inteiro a partir de um único prompt vago. Assim como em qualquer tarefa de desenvolvimento, comece escrevendo seus objetivos em linguagem simples.
Neste guia, vamos criar um plugin chamado Custom Writer que registra um novo papel de usuário no WordPress. Esse papel pode criar e editar artigos, mas não deve poder excluir nada nem acessar outros tipos de artigos.
Etapa 1: Abra o diretório de plugins
Inicie o Cursor e use File > Open Folder para navegar até o diretório /wp-content/plugins
. Isso define o local onde o plugin será criado.
Etapa 2: Inicie uma nova sessão de chat
Pressione Cmd + Shift + L
(ou Ctrl + Shift + L
no Windows) para iniciar um novo chat.
Altere para o Ask Mode pressionando Cmd + L
/ Ctrl + L
para que possamos começar com um prompt de planejamento. Nesse modo, o Cursor ajudará você a estruturar sua ideia antes de gerar código.
Acima da entrada do prompt principal, você verá um campo chamado Add Context. É aqui que você pode descrever o seu objetivo por completo. Seja específico, mesmo que sua ortografia não seja perfeita – o Cursor perdoa.
Veja o que digitamos:
Observe a palavra-chave @WordPress
informa ao Cursor para fazer referência à documentação oficial do WordPress. Essa é uma das maneiras mais simples de garantir que seu plugin siga as práticas recomendadas.

Etapa 3: Revise as instruções de markdown
Quando você pressiona Send, o Cursor responde com um documento markdown
detalhado. Ele descreve tudo o que o plugin deve fazer, desde a configuração de hooks até a limpeza na desinstalação.
Aqui está um resumo do que o Cursor inclui:
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Detalhes do cabeçalho do plugin (nome, versão, licença)
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Estrutura do código (um único arquivo
.php
em uma pasta de plugin personalizada) -
Criação da função com
add_role()
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Capacidades específicas (
edit_posts
,publish_posts
, etc.) -
Hooks para ativação, desativação e desinstalação
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Recomendações de segurança, desempenho e testes
Você pode ajustar as instruções antes de continuar, mas estamos satisfeitos com elas como estão.
Etapa 4: Altere para o Agent mode e gere o plugin
Agora é hora de você gerar o código.
Altere para o Agent Mode pressionando Cmd + Shift + I
(ou Ctrl + Shift + I
). Isso concede ao Cursor permissão para atuar em toda a base de código e executar tarefas em várias etapas.
Pressione Enter e você verá o botão Run Command aparecer.

Clique em Run Command e, dessa forma, o Cursor criará o plugin. Você deverá ver uma nova pasta (por exemplo, custom-writer-role
) com um único arquivo .php
dentro.

Etapa 5: revise e aceite o arquivo
Abra o arquivo gerado pelo Cursor. Você pode fazer ajustes, como atualizar o autor do plugin ou refinar os comentários no código.
Quando você estiver satisfeito, clique em Accept File. Não se preocupe, você sempre poderá editá-lo mais tarde. Isso apenas confirma que o arquivo deve fazer parte de sua base de código.
Etapa 6: ative o plugin no WordPress
Vá até o painel de controle WordPress. Em Plugins, localize o novo plugin e ative-o.

Se tudo tiver sido gerado corretamente, você verá uma mensagem de sucesso e o plugin estará ativo.
Etapa 7: Teste a nova função
Crie um novo usuário e atribua a ele a função Custom Writer. Os testes devem indicar:
- Nova função de usuário criada com sucesso
- Somente artigos podem ser criados
- As artigos podem ser editados e visualizados, mas não excluídos
Etapa 8: Descubra e corrija inconsistências na interface
Uma coisa que você notará é que o link Quick Edit estará disponível na lista de artigos. Embora ele não permita a exclusão, não pedimos isso, e pode ser confuso para os usuários.

Volte ao Cursor e inicie um novo prompt solicitando ajuda para remover o Quick Edit.
Durante a criação do exemplo deste guia, fizemos uma série de prompts pedindo ao Cursor diferentes abordagens para remover a Edição rápida. Em determinado momento, vimos referências a “user_switch”, o que nos levou a suspeitar de um conflito com o plugin Switch User Role (esse era o único plugin ativo além do que estávamos criando).
O Cursor nos informou que haveria um conflito após alertarmos sobre essa possibilidade. Iniciamos mais uma rodada de prompts. Nesse período, descobrimos que o novo usuário não conseguia fazer login, pois era necessário um nível de permissão mais alto.
Outra rodada de prompts começou, sem sucesso. Em certos momentos, o Cursor removia o Quick Edit, mas também acabava removendo o botão Edit. Sentindo-nos perdidos, pedimos ao Cursor um resumo da situação para garantir que ele havia compreendido corretamente. Em um momento, chegamos a perguntar: “O que você acha?”
Por fim, o Cursor encontrou uma solução para todos os problemas e nos forneceu um resumo das alterações feitas.
Etapa 9: Observe comportamentos adicionais
Durante os testes, também notamos que:
- A biblioteca de mídia está inacessível, embora não tenhamos mencionado isso. Esse é um lembrete: se você não solicitar explicitamente um recurso, a IA provavelmente não o incluirá.
- O resumo do Cursor mencionou que ele “funciona para artigos e páginas”, mas o plugin bloqueia corretamente o acesso às páginas. Portanto, a IA explicou um pouco demais, mas o comportamento está correto.
Etapa 10: Continue testando e iterando
A partir daqui, você pode instalar plugins adicionais, testar compatibilidade e ajustar sua função conforme necessário. Quando algo quebrar ou não se comportar como o esperado, volte ao Cursor com novos prompts de acompanhamento.
Você vai se pegar fazendo isso com frequência — reformulando instruções, fazendo perguntas adicionais ou simplesmente perguntando “O que você acha?” para obter a perspectiva do Cursor.
É aí que o Cursor realmente se destaca: o ciclo de feedback é rápido, e o assistente melhora a cada iteração.
Não jogue a cautela ao vento
Só porque você pode pedir para uma IA gerar um plugin, não significa que deve, pelo menos, não sem pensar bem antes.
Antes de iniciar um prompt, reserve um tempo para definir o que seu plugin deve fazer. Considere seu propósito, os recursos necessários e qualquer dependência potencial. Pergunte-se: esse plugin pode entrar em conflito com extensões importantes como o WooCommerce? Se a resposta for “talvez”, inclua isso no seu prompt.
Quanto mais contexto você fornecer à IA, melhores serão os resultados. Seja específico. Descreva suas metas com clareza. Não economize nas informações.
A IA pode parecer mágica, mas a criação responsável ainda é importante. Tenha em mente os mesmos pilares que você considera ao programar manualmente:
- Segurança – verifique entradas, capacidades e siga boas práticas
- Performance – evite consultas redundantes, mantenha a lógica enxuta
- Acessibilidade – considere funções de usuário, elementos da interface e interações inclusivas
- Testes – experimente cenários extremos, combine plugins e valide funcionalidades
- Implantação – prepare-se para versionamento, reversões e escalabilidade
- Refatoração – revise seu código, não apenas uma vez, mas regularmente
Resumo
O cenário da codificação assistida por IA muda a cada minuto. Isso lembra os primeiros anos dos mecanismos de pesquisa, quando havia inúmeras opções. No fim, apenas algumas sobreviveram. Isso também pode acontecer aqui, embora o open source possa nos levar por outro caminho.
Sugerimos que você explore várias ferramentas de IA usando o mesmo prompt inicial e compare as jornadas de codificação e os resultados. Esteja aberto à possibilidade de mudar sua ferramenta preferida conforme o cenário continuar evoluindo.
À medida que as ferramentas de IA evoluem, seu fluxo de trabalho também deve evoluir — e isso começa com o ambiente certo.
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